Verdemed organiza workshop sobre o mercado de cannabis em São Paulo

Humberto Maia

Estima-se que até 2027, os negócios globais do setor cheguem a US$ 13 bi. Para esclarecer a abrangência do mercado de cannabis no Brasil e no mundo, a canadense VerdeMed organizou um workshop, em novembro, em São Paulo. O evento foi fechado para convidados, dentre eles, qualificados representantes de family offices, que já fazem parte do quadro de acionistas da empresa.

O professor Alan Vendrame, coordenador do curso de Direito do Ibmec e especialista em Saúde Pública, abriu a conferência. Deu o ponto de vista médico e legal. Falou sobre a importância dos medicamentos à base de canabinóides, usados em diversos países – com sucesso – para tratar dor crônica, sintomas da quimioterapia, espasmos musculares, epilepsia e distúrbios do sono. “Conhecemos hoje cerca de 700 aplicações, com todas as limitações para a pesquisa que ainda existe”, disse Vendrame. “As indicações são tão amplas, que fica difícil mensurar o tamanho do mercado nos próximos anos.” Abaixo algumas vantagens desses fármacos apresentados pelos palestrantes.

O mercado gera benefícios sociais

São três os setores do serviço público mais beneficiados: o Sistema Único de Saúde (SUS), o Sistema Judiciário e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O SUS hoje precisa importar medicamentos que chegam até R$ 3 mil. “Com empresas como a VerdeMed, os custos cairão consideravelmente.” Hoje, a aquisição do remédio exige a judicialização do processo. As famílias dos pacientes têm de entrar na Justiça para receber o tratamento do setor público, sobrecarregando ainda mais um sistema já atolado de ações.


O uso farmacêutico da cannabis é legal

O advogado Nelson Margarido, CEO da VerdeMed no Brasil, explicou que, no Brasil, é considerado legal somente o uso farmacêutico, que consiste nos medicamentos produzidos a partir de CBD e THC. A VerdeMed produzirá quatro remeedios até 2021. “A atuação da empresa na América Latina está estritamente atrelada a legislação de cada país”, disse.


O óleo da cannabis vem da Clômbia para ser fabricado no Canadá

A Colômbia abriga a plantação e a extração de óleo da planta, que deve ocorrer nos primeiros meses de 2019. Ele será exportado para o Canadá, onde os medicamentos serão produzidos e depois exportados para o Brasil a preços competitivos. “O mercado da América Latina corresponde a 20% do mercado americano, que chegará a US$ 60 bilhões, em 2007”, disse o gerente de operações da VerdeMed.


O mercado se valoriza mesmo sem os fundos de pensão

“O mercado americano está em crescimento acelerado.  Empresas se valorizaram sem a participação dos fundos de pensão ou de private equity, pois eles ainda não se posicionaram ”, afirmou o brasileiro radicado no Canadá José Bacellar, presidente e fundador da VerdeMed, na última apresentação da noite. “Quando entrarem no negócio, a perspectiva é de um crescimento ainda maior do mercado americano.”


VerdeMed vai abrir capital no Canadá

O objetivo da VerdeMed, segundo o presidente, é abrir o capital no Canadá em 2021, vender a empresa ou efetuar uma fusão com outras do setor. Bacellar projetou o crescimento em outros países a partir do mercado canadense, que hoje é formado por uma centena  empresas de cannabis. A canadense Tilray, especializada em produtos farmacêuticos à base de canabinóiides, foi a primeira do setor a ter ações na bolsa americana Nasdaq. Desde julho, a valorização ultrapassa 600%. Como base de comparação, um investidor brasileiro que compra um Certificado de Depósito Bancário (CDB)– que paga 100% do CDI –tem rendimento bruto de 6,4% ao ano (sem contar a incidência de imposto de renda). E quem se arrisca em bolsa vai melhor, mas nem tanto: O Ibovespa registra, até novembro, valorização de 12%.


Os riscos não tornam o negócio inviável

“Haverá boas oportunidades de saída”, afirmou o presidente. Se há riscos? “Sim”, diz  Bacellar. “Pode não haver uma flexibilização das leis brasileira flexíveis para o mercado de fármacos, mas mesmo assim o negócio será sustentável apenas com a produção do óleo na Colômbia. As expectativas de receita são de US$ 10 milhões no primeiro ano de atividade.”  Investidores experientes sabem: obtêm maiores retornos quem entra no na fase pré-operacional. Esperar pela consolidação do projeto diminui o risco – e também a taxa de retorno.


Investidor satisfeito

“Entrei pensando principalmente na chance de ter altos retornos”, disse um de nossos investidores (preferimos resguardar sua identidade). “Quem entra agora tem um retorno maior. Como médico sei que são inúmeras as possibilidades do uso de canabinóides para ajudar em tratamentos de doenças e melhorar a qualidade de vida das pessoas.”

“Estudei a empresa e confio nela”, disse. “Ela trabalha com um produto sério consolidado em vários países. É muito difícil não dar certo”, diz outro investidor que também é da área médica. Os dois entraram na empresa na rodada anterior de captação, que somou US$ 450 mil – após subscrição que se aproximou de US$ 1 milhão.

 

A estratégia da VerdeMed

No próximos anos a empresa deve conseguir US$ 20 milhões em investimentos. A VerdeMed ainda está na fase de captação inicial de US$ 6 milhões de dólares, que será usado da seguinte maneira:

 

            •           US$ 3 mi será destinada para a operação farmacêutica

            •           US$ 1 mi para a criação de produtos

            •           US$ 1 mi para licença de importação e implantação de uma laboratório

            •           US$ 1 mi para despesas operacionais.

            •           US$ 3 mi serão investidos na plantação de cannabis na Colômbia.